Pesquisa avalia condições de trabalho de catadores de resíduos

Pesquisa avalia condições de trabalho de catadores de resíduos


A Coordenação de Vigilância e Saúde - Covisa, da cidade de São Paulo, a Fundacentro e os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – CRST da Sé, Freguesia do Ó e Mooca finalizaram um estudo sobre as condições de trabalho, saúde e segurança dos catadores de materiais recicláveis. Para tanto, foram realizadas visitas técnicas em 20 centrais de triagem de resíduos sólidos conveniadas ao município de São Paulo, que possuem 942 trabalhadores, segundo dados de janeiro de 2013. Eles são responsáveis pela triagem de 2.289 toneladas de materiais recicláveis por mês. A Fundacentro passou a fazer parte do estudo a convite da Covisa, em princípio, para discutir o processo de beneficiamento do poliestireno expandido (isopor) em máquinas instaladas nas centrais de triagem. Esse procedimento gera riscos aos trabalhadores porque a moagem libera poeira e provoca ruídos. Por isso, há necessidade de medidas de proteção coletiva, como por exemplo, a implantação de um sistema de exaustão. As pesquisadoras da Fundacentro, Gricia Grossi e Elizabeti Muto, passaram a integrar o Grupo de Trabalho, participando de seis visitas técnicas. O trabalho conjunto gerou um parecer técnico, apresentado neste mês, sobre os problemas relacionados à saúde e segurança do trabalhador e os critérios mínimos necessários para a implantação de centros de triagem. O material será encaminhado ao Comitê Interministerial de Inclusão Social de Catadores de Materiais Recicláveis. Também estão previstas reuniões com as subgerências da Covisa, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana – Amlurb, secretarias municipais e movimento dos catadores para desencadear ações de melhorias. A equipe pretende produzir materiais educativos sobre SST e realizar oficinas. O estudo foi apresentado à Covisa no dia 5 de julho, no auditório da instituição em São Paulo. Na ocasião, o coordenador do Programa de Coleta Seletiva da Amlurb, Paulo de Souza, estava presente. “Essa oficina foi para apresentar o trabalho e juntos buscarmos uma solução, que passa por várias vertentes. É um processo conjunto para construir mudanças”, avalia Gricia Grossi, da Fundacentro. “Percebemos o quanto é complexa a questão dos catadores. A aproximação com a Fundacentro foi para conhecer melhor os processos de trabalho. É uma ação conjunta para melhorar as condições de trabalho dessa população”, completa a coordenadora do Grupo de Trabalho, Lucimara de Campos, da Covisa. Riscos Durante o estudo, os pesquisadores avaliaram as condições de trabalho e identificaram os riscos. Os galpões possuem iluminação deficitária e acúmulo de materiais. Não há sistemas de ventilação, a qual entra apenas por janelas e portas. Também há acúmulo de materiais que causam dificuldades até mesmo para os trabalhadores caminharem e pode ocasionar quedas. Foi encontrado até um caso de fossa transbordando, em local que não havia esgoto. “Tudo isso leva a risco de contaminação dos trabalhadores. As condições de segurança e saúde das centrais de triagem são precárias. Há muito que melhorar”, explica Lucimara de Campos. Os agentes químicos encontrados no ambiente podem causar doenças respiratórias e dermatoses por contato. Os agentes biológicos também estão presentes, devido a materiais hospitalares, insetos e roedores. O trabalho em pé e sem pausa, com movimentos repetitivos, pode levar a doenças osteomusculares e circulatórias. Os trabalhadores levantam manualmente cargas pesadas. Já as prensas enfardadeiras das Centrais não possuem proteção, o que traz risco de amputações. O risco de acidente ainda ocorre na quebra de vidro, feita manualmente com barra de ferro em várias centrais. Em uma delas, existe triturador, mas sem sistema de exaustão, gerando o lançamento de pó de vidro. Outro problema é o recebimento de lâmpadas fluorescentes, apesar de haver regulamentação para que esse tipo de material tenha destinação específica.   Fonte: ANAMT